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Efeito bola de neve

por Marquês, em 30.01.13

Nunca vi neve, já vi gelo ou algo parecido com neve mas neve a sério, como se vê nos filmes, nunca vi. Talvez porque venha do Algarve, conhecido pelo calor e praias, talvez por viajar pouco ou nada, talvez por não gostar do frio. O facto é: nunca vi neve. Mas é como se visse neve todos os dias, ou pelo menos estou metido numa grande bola de neve.

Li há pouco que vão fechar mais 15 salas de cinema no Algarve, nove na Guia e seis em Portimão. Isto no dia seguinte a ter ido ver o novo filme de Tarantino ao cinema e ter encontrado uma sala a meio gás, mesmo com os descontos de segunda-feira. Isto depois de já ter lido que o número de espectadores diminuiu em 2012. Isto depois de ter visto que o filme Morangos com Açúcar teve um sucesso do camandro. Isto depois de ter visto que os bilhetes de cinema aumentaram de preço a velocidade vertiginosa nas últimos anos. Isto depois de ver que o IVA na cultura subiu à bruta. 

Conclusão: este país destrói-se a si próprio, destrói a sua identidade, vende-se ao preço da uva mijona, compra tudo o que é estrangeiro, apoia tudo o que é vergonhoso, expulsa os inteligentes e corajosos.

Os Globos de Ouro portugueses e outros prémios nacionais são uma ofensa à cultura. Não me apetece divagar sobre os vencedores, gosto de ir ao fundo da questão e indagar-me contra a sua nomeação. Lá fora, temos realizadores, filmes e actores portugueses que são galardoados em vários festivais, cujo valor junto da indústria cinematográfica é enorme. Mas de que importa isso para nós? Afinal de contas, são portugueses. 

A cultura está cara, os espectadores pensam duas vezes antes de ir e tentam escolher algo que sabem que vão gostar. E o efeito bola de neve está para durar. 

Hipoteticamente falando, eu ganhava X e conseguia ir várias vezes ao cinema, ao teatro, ao futebol, comprava jornais e revistas, comprava livros, tinha um bom telemóvel e roupa de marca. O Estado lembra-se a tirar-me uma bela fatia do ordenado e começo a cortar em algumas coisas que gosto de fazer. Como se não bastasse, tudo aumenta de preço. Para melhorar, aumentam os serviços, a água, o gás, a electricidade, os transportes, as idas ao médico, o preço do combustível, e vou cortando no uso que dou ao dinheiro. Mas o pão e as compras no supermercado também aumentam e eu passo a comprar produtos mais baratos e em menores quantidades. Antes ia almoçar fora todos os dias e bebia um refrigerante mas sinto o bolso mais apertado e vou só uma vez por semana. No café onde almoçava o dono queixa-se que os produtos que compra estão mais caros, tem de pagar mais impostos sobre o que vende, tem de pagar mais pelas contas de utilização do espaço, é obrigado a aumentar uns míseros cêntimos no que vende mas a clientela está falida e nota o aumento, deixando de ir com tanta frequência. Tudo fica mais caro e a carteira mais curta. Perco dinheiro, perco qualidade de vida, e nem o "desenrascanço" de português me tira do sufoco ao fim do mês. E a bola de neve vai crescendo e parece que neste momento só tenho neve na carteira. O que me vale é que estou a falar no "hipoteticamente"...

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Há coisas que magoam

por Marquês, em 28.01.13
As palavras magoam, os gestos magoam, um pontapé no meio das pernas aleija para caraças e entalar certas partes do nosso corpo no fecho éclair pode deixar o mais valente dos homens a desejar que a sua vida acabe. Hoje, ia quase entalando certa parte do meu corpo no fecho das calças e fiquei a suar só de ver a proximidade. Estive a escassos nano-milímetros e a um nano-segundo de chorar que nem um pequeno petiz a quem dizem que já não há tarte de natas e que o Pai Natal morreu num acidente de trenó porque o Rodolfo não respeitou um STOP e foi abalroado por um Boeing 747.

Pronto, já passou, já posso voltar a respirar normalmente e com a certeza de que, até à próxima ida à toilette, estarei em segurança. Não me consigo habituar àquilo de calças com botões, dá uma enorme trabalheira e às vezes uma pessoa está mesmo aflita e há aquele último botão que só desarma se tivermos grande mestria e precisão para o fazer saltar do aconchego, sem falar que os botões criam ali um enchumaço que as raparigas ficam a pensar que somos todos descendentes do Kid Bengala. A vida continua e a semana ainda mal começou.

Eu tinha uma boa ideia para este texto mas, visto que o nível da conversa está abaixo da cintura (no caso do Kid Bengala ou está no chão ou no pescoço porque a "régua" não se acomoda em ficar abaixo da cintura), vou-me deixar de boas ideias. Quem sabe, logo publico algo interessante ao final da tarde ou amanhã.

Deixo apenas um conselho, principalmente para os mais jovens: levantar o tampo da sanita, abrir a braguilha (seja de botões ou fecho convém abrir), processo de aliviação, sacudidela, e agora muito importante - recolha, e fecho da comporta. Todos os dias, de preferência várias vezes ao dia para que o sistema funcione em condições. Para os jovens que não conhecem o Kid Bengala tenho uma dica: se a tua mãe costuma usar o mesmo computador que tu - elimina o histórico da Internet após pesquisares pelo senhor... Boa semana amigos!

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Rúben Faria, 38 anos, algarvio (cada vez sou mais orgulhoso por ter nascido neste Reino), piloto de motos, vice-campeão do Dakar2013.

Facto: a missão dele era ajudar Cyril Despres a vencer o seu quinto Dakar - missão cumprida.
Facto: liderou o Dakar e "perdeu" a liderança para o francês - profissionalismo.
Facto: queria terminar no top 5 - ficou em 2.º.
Facto: tivemos quatro pilotos portugueses no top 10 - em equipas estrangeiras com patrocinadores estrangeiros.
Facto: à chegada a Portugal todos os jornalistas conheciam Rúben Faria e estavam fãs à sua espera no aeroporto - à partida ninguém fez alaridos e só Hélder Rodrigues interessava.

Rúben Faria (11) ao lado de Despres (1).
Quando saí da Universidade tinha uma visão diferente de muitas coisas no mundo, uma visão mais elaborada, mais atenta, mais picuinhas. Passei a tomar mais atenção aos detalhes e aos pormenores, deixei de ter uma visão ingénua sobre o que acontece à minha volta. No desporto, esse mundo que tanto adoro, comecei a reparar em coisas insignificantes como a expressão dos desportistas, os movimentos, as suas acções, as suas decisões. Consigo adivinhar lances ou jogadas durante o desenrolar das mesmas. Ainda não consigo prever o futuro mas decerto que há seis anos atrás tinha um olhar diferente sobre as coisas. E também passei a reparar no público. Nos estádios de futebol, para puxar o exemplo mais típico do povo português, existem adeptos e grupos de adeptos ou claques que puxam pelas equipas e pelos seus ídolos (ou que simplesmente chamam nomes e insultam os árbitros mas isso agora não interessa). Porém, enquanto que em Inglaterra e na Alemanha, pelo que vejo na televisão por cabo, os adeptos puxam pelas equipas do início ao fim, em Portugal são as equipas que puxam pelos adeptos. Se a equipa está a jogar mal os adeptos adormecem mas se a equipa faz uma jogada fantástica ou marca um golo, o estádio ganha vida, um imenso ruído torna o ambiente fantástico e durante uns segundos parece que estamos a viver o jogo, depois tudo volta a acalmar.

Com o Rúben aconteceu a mesma coisa. Era apenas mais um a caminho da América do Sul mas a sua magnífica prestação cativou os olhos da imprensa e de um país, somou pódios, liderou a prova-rainha de todo-o-terreno e terminou na melhor classificação de um português na prova. À chegada a Portugal era o maior! Aproveitou para mostrar a sua humildade, ao dizer que a sua missão sempre foi ajudar o seu companheiro e que se fosse preciso parar para que Despres ganhasse, ele parava e cedia a vitória, e para deixar uma pequena mensagem ao país "três pilotos de motos no top 10 e nenhum patrocinador português". Como te percebo bem compatriota, como te percebo bem. Esta semana foi um herói, candidato a maior figura do desporto nacional, esteve naqueles quadradinhos das capas dos jornais que costumam ser dedicados aos filhos que dão tiros de caçadeira nos pais, 15 minutos de merecida fama e o público vai deixar de puxar por ele até que ele volte a puxar pelo público. Triste sina esta de nascer português. Mas o desporto motorizado português está bom e recomenda-se! Miguel Oliveira, no Moto GP, e Félix da Costa, na Fórmula 1, são as promessas que se seguem, atentem no que vos digo! Bom fim-de-semana amigos!

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Criar crocodilos é o negócio do futuro

por Marquês, em 25.01.13
Ontem foi notícia que "fugiram 15 mil crocodilos de uma quinta dedicada à criação daqueles animais na África do Sul"... (pausa) 15 mil crocodilos, quinta, criação... Já tinha ouvido falar em criação de gado, de pintos, de aves exótivas, de abelhas, mas criação de crocodilos?

Quem é que cria crocodilos e porquê? A sério, gostava de conhecer a quinta e o dono. Isto faz-me pensar (sim, grande parte do meu dia é passado a pensar nestes assuntos cujo conteúdo de interesse ronda o nulo negativo). "Some day, and that may never come", citando o grande Don Vito Corleone, gostava de criar alguma coisa. Não digo uma criação de crocodilos porque não percebo muito de crocodilos. Digamos que os meus conhecimentos de crocodilos derivam um pouco em redor do Peter Pan e dos domingos à hora de almoço no National Geographic em que os crocodilos fazem sempre o papel de maus e comem antílopes e zebras. Nem quero imaginar a despesa que teria a alimentar comedores de herbívoros de 200 a 300kg. Será que tinha de criar também zebras e antílopes para alimentar os crocodilos? No supermercado onde compro comida para o meu gato nunca vi comida para crocodilos, teria de mandar vir do ebay? Era preciso ter um lago ou um pântano para criar crocodilos? Se tivesse um rio a passar na minha quinta eles podiam fugir e seria aborrecido. Os crocodilos levam vacinas? O veterinário que vacinou o meu gato era gordinho e baixinho e parecia um bocado cobarde, aliás, antes de sedar o gato ainda foi atacado duas vezes e escondeu-se atrás do sofá a chorar enquanto eu segurava calmamente o gatinho, duvido que ele vacine crocodilos. Mas eu não iria querer criar crocodilos doentes. E tinha de contratar alguém para dar banho e puxar o lustro às escamas, os meus bichinhos tinham de estar bonitos e lustrosos. Curiosamente nunca vi anúncios a pedir puxadores de lustro de reptéis. É uma área para investir.

"O Xiquinho no dia do seu baptizado, antes de vestir o fato e comer o caniche da vizinha. Sempre a sorrir para a fotografia."
E agora, de forma genial, acabei de ter uma ideia para um negócio. Vou abrir uma quinta para criar crocodilos! Aliás, várias quintas, uma para aligatores, outra para caimões, outra para jacarés, outra para gaviais. Depois abria uma escola de tratadores de crocodilos e no primeiro ano de curso as aulas práticas seriam na quinta dos pequenos caimões, que parecem ser os bebés-crocodilo mais fofinhos e estão sempre a sorrir com os olhos a brilhar na direcção dos antílopes. E os alunos mal comportados iam de castigo para a jaula dos aligatores adultos. Posso até criar um parque de diversões com passeios no lago para ver os crocodilos, na minha terra dão passeios no mar para ver os golfinhos e os turistas adoram aquilo, tudo o que mete passeio, água e animais, os turistas deliram. Até podem tirar fotos com os crocodilos e fazer festinhas, no Zoomarine as crianças pelam-se por fazer festinhas aos golfinhos. Dá para fazer festas de aniversários temáticas. Os crocodilos camuflam-se e as crianças têm de ir caçá-los. A última criança viva ou aquela que tiver mais membros ganha um gelado. Vai ser um espectáculo!

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Estas modas sociais...

por Marquês, em 25.01.13
As redes sociais e esse mundo que há-de ser eternamente recente, essa coisa de Internet, não deviam estar ao alcance de todos. Para criar uma rede social, para além de idade mínima e conta de e-mail, devia ser requerido aos candidatos que preenchessem um pequeno questionário ou teste de QI.

Ora vejam, depois do planking, do milking e de muitas outras coisas maradas, dizem que agora está na moda tirar fotografias na neve... todos pelados. Eu até nem sou contra a ideia de ver miúdas de corpos esbeltos na neve em trajes menores ou sem trajes mas não acho que seja boa ideia isso virar moda. Pela mesma razão que eu não vou a colónias de nudistas. Fui uma vez, é verdade, mas correu mal. Ao fim de dois dias a ver mulheres nuas a toda a hora, bonitas e feias, comecei a fartar-me da situação. Não me interpretem mal, já voltei a gostar de ver mulheres peladas mas na altura ficava mais excitado com uma muçulmana de burka do que com uma top model pelada. E a ver gente pelada na neve vai tirar a piada a ver, efectivamente, miúdas de corpos esbeltos na neve em trajes menores.

in cmjornal.xl.pt
Contudo, estas modas deixam-me preocupado e as redes sociais são um templo das modas, das invejas, dos copianços. Se os meus amigos gostam disto, também vou gostar disto, se eles fazem isto, também quero fazer isto, se eles vão de férias para uma praia paradisíaca eu quero ir de férias para uma praia ainda mais paradisíaca. Acredito que algumas modas sejam giras e que algumas ideias contribuam para uma enorme paródia mas fico reticente quando penso na moda duck face ou até no planking. E na neve deve fazer um frio desmandado que aquilo mirra tudo. Que diachos, vou ver se aproveito o fim-de-semana para dar um saltinho à Serra da Estrela para tirar umas fotos pelado na neve ou, se não houver neve por lá, aproveito uma viagem aérea low cost, que a vida não anda para grandes luxos, e viajo até um sítio qualquer onde haja neve por menos de 10 euritos. Só espero que nada congele com o frio que eu venho dos Algarves e estou mais habituado a ver gente pelada ao calor...

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