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Está na moda jogar finais

por Marquês, em 22.04.13
Quem toma atenção ao panorama desportivo europeu, leia-se "futebol", já deve ter notado isto: está na moda jogar finais. O Benfica lidera a Primeira Liga Portuguesa, ou Liga Zon Sagres referente ao naming dos patrocinadores, mas deixou de jogar jornadas e passou a jogar "finais".

Ora, se faltam quatro "finais" ao Benfica para ser campeão, se vencer três e perder uma já não é campeão? Quem perde uma final não é campeão. Será que o Benfica consegue perder uma final e ser campeão? Consegue, matematicamente consegue. Coisa estranha.

O ser humano é de modas, de "pancadas". Um café vazio é mau, um café cheio é muito bom, um café com duas pessoas de fato é caro, um café com duas pessoas de gorro é mal frequentado. Se um grande treinador ou jogador diz que os jogos que faltam são finais, deixamos de ter jornadas e passamos a ter finais, que bem lá no fundo não são finais.

Gosto de discursos coerentes, provocatórios, adoro mind games e ironias, não gosto de frases feitas nem que digam o que é bonito, gosto de gente directa e de indirectas. Quem diz que faltam finais devia ser banido das conferências de imprensa, mandem para lá alguém que saiba o que diz. Vitórias morais, perder porque os adversários foram melhores, jogar bem e perder, tudo desculpas, tudo tretas, tudo palavras de quem não sabe dizer nada. Quem diz que os jogos que faltam são finais peca por não saber o que diz. A primeira vez que ouvi esta expressão, há vários anos, achei alguma piada, à segunda vez soou-me mal, a partir daí foi o descalabro. Parecem aquelas frases ditas pelos comentadores que nada comentam. Vamos lá jogar jornadas e eliminatórias que as finais que se aproximam jogam-se em Wembley e em Amesterdão!

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Voltei

por Marquês, em 21.03.13
Passadas três semanas, estou de volta e mais bonito do que nunca. A sério, até fui ao cabeleiro e tudo! Durante este tempo não me esqueci de vós, apenas andei distraído com a eleição do novo Papa, que ao menos gosta de futebol, e andei desmotivado pela falta de tomates do governo e pela chuva. Até curto chuva, quando não tenho o azar de ficar todo ensopado e porra, estas semanas sempre que chove há uma maldita nuvem que me persegue... E por demais, sou Gémeos e tenho direito a passar metade do ano desmotivado, já tirei uns dias, agora já passou.

Transferências do dia: Wolfswinkel no Norwich, Sócrates na RTP, e eu desejava ler em algum sítio que o Passos Coelho e o Relvas tinham ido parar à Cochinchina (para os leitores maiores de idade, podia ter dito para a p*** que os pariu, mas em relação a seres inferiores gosto de manter a dignidade). E a Cochinchina existe mesmo, fica para os lados do Vietname, como quem vai em frente e vira à direita, ou à esquerda se vier no sentido contrário. Não tem nada que enganar.

Nada tenho contra o Sócrates versão comentador político. Devo ser dos poucos neste país, mas sempre gostei de ser do contra. Se o Santana Lopes e a Ferreira Leite podem fingir ser comentadores políticos, não vejo onde o Zézinho seja pior pessoa. Preferia ver o professor José Adelino Maltez ou o Miguel Esteves Cardoso a comentar, dois homens sem papas na língua e que dizem coisas que eu gosto de ouvir. Mas é a minha singela opinião.

Quanto ao Wolfswinkel, existem duas formas de ver as coisas: desportiva e empresarial. No primeiro aspecto, é um bom negócio para o Sporting, a ser concretizado. O rapaz é fraquinho, pode ser uma jóia de moço, o genro que todas as sogras desejam, mas é fraquinho como ponta-de-lança e não serve para o Sporting. Talvez seja bom demais, talvez chegue a Inglaterra (onde é raro vermos jogadores tão franzinos e moles) e se torne num grande avançado, talvez o Norwich o venda daqui a um ano por 30 milhões para um colosso. Para o Sporting é um bom encaixe de 3 ou 4 milhões, visto não deterem mais que 35% do passe, por um activo que nos últimos meses está a desvalorizar. O facto de ficar até final da época tem tudo para dar bom resultado - sabe que no futuro vai para um clube novo, para outro campeonato mais competitivo e com maior visibilidade, vai ganhar melhor, pode passar estes meses no Sporting sem preocupações - e acredito que esse alívio psicológico vá resultar numa subida de rendimento. Do ponto de vista empresarial... o Godinho é um sacana. Investiu, mal, no clube e agora, de malas feitas, quer encher os bolsos e fingir que deixa o clube mais saudável com este negócio. Quem vier a seguir que se lixe, à boa moda portuguesa, e cobarde. Já se fala que também pode vender o Capel e o Schaars, dois jogadores acarinhados pelos adeptos e dos melhores no plantel. É um acto de cobardia. Os jogadores até podiam não fazer parte dos planos do novo presidente, mas não deve ser o demissionário a decidir isso como despedida. Adeus inglório deste "sonhador".

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Volta ao Algarve, não vás

por Marquês, em 06.11.12
Hoje apetece-me desabafar. Pois é, parece que a Volta ao Algarve em ciclismo não se vai realizar em 2013. Em causa estão as dívidas das autarquias à organização, que já li em qualquer lado que ascendem a 120 mil euros, é dinheiro. O que, por si só, é fácil de entender, o Estado está tão mal que nem existe adjectivo para classificar o estado do Estado. Mas, pergunto eu, na minha inocência, será que só o Estado tem dinheiro ou estará mesmo tudo em crise? Antes de responder, e porque não achei graça à forma como as pessoas leram o ponto de interrogação, "diz lá, ó espertinho!" ou "vai sair asneira", deixem-me apontar outro exemplo - futebol distrital no Algarve. Há muito que dezenas de clubes se vinham a arrastar, ano após ano sucediam-se as desistências e faziam-se contas ao impossível. Este ano, desapareceram vários clubes. A razão? Existem algumas.

O desporto algarvio, tal como sucede em muito sítio, subsiste à base de apoios autárquicos e subsídios do Estado e seus tentáculos. Essa vida, meus amigos, acabou, e já vai tarde. Um país como Portugal, de maus governantes em várias frentes, não pode resistir à base de subsídios. É preciso algo sério. Os treinadores levam as competições na brincadeira, os treinos são aceites por carolice e as organizações são amadoras. Os clubes são conjuntos de amigos e conhecidos que tentam brincar às casinhas com o dinheiro dos subsídios. Isso é, inevitavelmente, insustentável. É bonito meter uma fotografia no Facebooki de um jantar de Natal da colectividade lá da zona ou uma foto dos equipamentos novos com um logótipo desenhado pelo tio do fundador do clube ou os miúdos todos limpinhos com uns fatos de treino de uma marca chinesa e uma grande imagem a dizer Câmara Municipal. Mas essa tendência tende a acabar. Os clubes pequeninos vão desaparecendo, os pequenos têm de crescer e os que têm a mania que são grandes acabam. Patrocínios, apoios, trocas de favores, ajudas de custos, responsabilidade social... Não me vou alongar, hoje, por nomes teóricos e questões de comunicação. Vou falar como se fosse leigo.

As autarquias têm um montante para apoiar o desporto, lá distribuem aquilo da forma que lhes apetece, e os clubes ficam todos contentes, tratam das inscrições, da papelada, dos equipamentos, dos funcionários e, se sobrar alguma coisa, fazem uma gala no final do ano para beberem uns copos. Alguns visionários já descobriram que isso não é futuro, aliás, já não é sequer presente. No meu tempo, o clube dava muito e de mim não recebia nada, para além do meu imensurável talento para o desporto. Surgiram os sócios nos clubes pequenos que vão pagando curtas quotas e os jovens pagam uma mensalidade para praticar desporto. Pois bem, eu, apesar de ter uma licenciatura aos 23 anos tirada em seis semestres, digo que os clubes são mal geridos. Existe um mal neste país. Um gajo paga uns copos aos amigos no café, não tem dívidas na padaria, tem um negócio ou uma profissão à maneira, sabe ler e diz umas coisas engraçadas, é um bom candidato a presidente. Curiosamente, vislumbro aqui uma ligação de critérios entre os clubes mais pequenos e os clubes grandes...

in: sulinformacao.pt

Se todos fossem como o Futre já o desporto português estava noutro patamar. O Sporting foi buscar um indiano, que nem joga, e têm patrocinadores a pagar o ordenado ao rapaz, fizeram reportagens e até havia ideia para um reality show sobre a vida do Chhetri. Nos Estados Unidos os patrocinadores pagam estádios, dão orçamentos aos clubes, pagam salários a desportistas, oferecem equipamentos. Em Portugal, vive-se do Estado. Lembro-me de uma excepção: o Sporting de Braga fez um acordo com a AXA que resultou no naming do Estádio Municipal de Braga, no patrocínio da camisola e num orçamento para transferências, e o Braga ficou em 2.º lugar no campeonato, foi finalista na Liga Europa e jogou na Liga dos Campeões. Vamos deixar de viver do Estado? Boa? Volta ao Algarve, se me estás a ler, ignora o patrocínio da Santa Casa, vai vender a Volta aos bancos, às cervejarias nacionais e internacionais, às casas de apostas, às telecomunicações, às seguradoras, às agências de segurança, faz um acordo com restaurantes, hotéis, rent-a-cars, restaurantes, papelarias... para eliminar os gastos extra. A Volta ao Algarve tem melhores ciclistas que a Volta a Portugal e até teve direito a transmissão na Eurosport e RTP 2. Outra ideia, o turismo algarvio não tem qualidade nem entretenimento, vamos fazer da Volta ao Algarve um evento turístico? Entreguem a organização a uma agência de comunicação e marketing, as agências de viagens e os hotéis criam pacotes especiais, organiza-se uma feira tradicional que segue a caravana. Um esforço que a região pede, para acompanhar com uma fatia de pão e um copo de vinho.

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Jogos Olímpicos vistos por um tuga

por Marquês, em 21.08.12

Muito se desdenhou sobre a participação lusa nos Jogos Olímpicos Londres 2012, falto eu escrever algumas linhas sobre isso. E assumo aqui a posição, irremediavelmente, do contra. Contra os anti-portugueses, contra os idiotas cujo desporto praticado é o zapping, contra os preguiçosos, contra os de mau carácter e pouca inteligência. Criticar negativamente a prestação dos atletas portugueses em Londres é ser estúpido.

Primeiro, quem já praticou desporto sabe o quão fácil é conseguir apoios e patrocínios, para treinar, para vestir, para comer. A título de exemplo, alguém se lembra de Teresa Machado? Recordista nacional de lançamento do disco, finalista nos Jogos Olímpicos de Atlanta e Sidney, esteve ainda em Barcelona e Atenas, uma das atletas com mais presenças na Taça da Europa? Pois, aos 33 anos terminou a sua ligação ao Sporting, em 2003, mas ainda alimentava o sonho de ir a Atenas. Continuou a treinar, esteve a trabalhar em limpezas em moradias e conseguiu marcar presença na Grécia! Escusado será dizer que, num país com cultura desportiva, esta Mulher teria um ordenado como atleta de alta competição.
ver notícia aqui - http://www.record.xl.pt/interior.aspx?content_id=309373

Segundo, falar mal é muito fácil. Todos somos bons, do lado de cá do televisor. Todos os atletas que vão aos Jogos Olímpicos, ou a qualquer prova desportiva internacional, têm o peso de 10 milhões de portugueses aos ombros, carregam a bandeira mais linda do mundo, dão o corpo e a cara por um país. Todos sentem um orgulho imenso em representar Portugal, todos querem ganhar por Portugal, todos querem dar uma alegria a Portugal. Que ninguém atire à cara da Telma Monteiro que ela perdeu de propósito ou que o Marco Fortes não se esforçou. Todos os atletas, profissionais ou amadores, dão sempre o seu melhor e só pensam em fazer melhor. Nem sempre é possível mas ninguém mais do que eles queria ganhar uma medalha, subir ao palco, ouvir o hino do seu país num estádio com 80 mil pessoas.

Terceiro, ninguém vai aos Jogos Olímpicos se for mau. O recordista mundial da maratona, o queniano Patrick Makau, não foi convocado para Londres. O etíope Gebresalassie, campeão olímpico dos 10.000m em Atlanta e Sidnei, não conseguiu apurar-se para Londres. São campeões, os melhores do mundo, e não foram. Mas os portugueses, que, segundo os seus compatriotas, foram lá passear, conseguiram, por mérito próprio, marcar presença no maior evento desportivo do mundo.

Pequenos pormenores que fazem uma grande diferença. Fiquei triste com os comentários que vi durante três semanas de puro espectáculo. Somos um país pequeno. Já dizia o José Cid, "Se Elton John (ou Michael Phelps ou Usain Bolt ou Allyson Felix) tivesse nascido na Chamusca, não teria tanto sucesso como eu.".

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Cerveja a patrocinar desporto?

por Marquês, em 22.05.12
A legislação portuguesa tem umas alíneas esquisitas em que coloca restrições e proibições ao patrocínio desportivo por parte de bebidas alcoólicas, indústria tabaqueira e empresas associadas ao jogo. Existe, obviamente, algo na lei que permite ir contornando a situação à vontade dos mais espertos.

Entre trocas e cambalachos, a Unicer renovou o acordo de patrocínio com o FC Porto e com o Sporting CP, através da marca Super Bock. Não é Super Bock Zero, é mesmo Super Bock que figura nas camisolas e nos estádios. Supostamente é proibido mas continua a fazer-se. Entre proibições e aldrabices o campeonato nacional de futebol já se chamou Liga Bwin e agora é Liga Zon Sagres. Pequenos pormenores. E muitas mais marcas à espera sem que os deixem investir.

Não me entendam mal, muito pelo contrário. Sou completamente a favor da liberalização! Por mim a camisola dos clubes podia estar cheia de marcas de bebidas alcoólicas e de tabaco! Devíamos liberalizar o naming, que vai surgindo em desportos como o andebol e o basquetebol e passar a ter o Benfica Sagres ou o Sporting Super Bock! Abram esse mercado. O Real Madrid, quiçá o maior clube do mundo, é patrocinado pela Bwin, o Liverpool foi durante muito tempo patrocinado pela Carlsberg, a equipa onde corre o Miguel Oliveira em Moto3 chama-se Estrella Galicia 00 (cerveja da gama sem álcool, porém, cerveja). São empresas sedentas em investir. Que tal vos parece amigos políticos? 

Até já me estou a imaginar a comprar um garrafão de tinto com desconto de sócio.

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