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Aqui, o Marquês filosofa sobre a vida e a existência de esquilos voadores. Às vezes, o Marquês está bêbedo e refere-se a si na terceira pessoa. Sintam-se em casa, mas não coloquem os pés no sofá.
Estávamos à porta do escritório – a dita sala de fumadores ao ar livre com dois cinzeiros de pé, quando uma das senhoras que faz a limpeza do complexo empresarial se aproximou para limpar o cinzeiro.
Muito educada, cumprimentou-nos e pediu licença para esvaziar o dito. Ao que a minha colega comenta “espere só um segundo para eu apagar o meu cigarro e não sujar já o que está a limpar”.
E a senhora, com um sorriso natural, limpa o cinzeiro e diz “não tem mal, se vocês não sujarem eu não tenho trabalho”.
Fiquei sem reacção.
Naquelas parcas palavras vi uma mulher trabalhadora, com um trabalho mais duro que o meu, que encara as adversidades com um sorriso na cara e de mangas arregaçadas. A humildade e simpatia com que nos brindou foi, para mim, uma lição de vida. Afinal de contas, sou um felizardo por trabalhar na minha área e receber o suficiente para pagar as contas ao final do mês.
Hoje voltei a encontrar a senhora, no seu andar seguro e despachado. Cumprimentando todos com um sorriso e um bom dia, sejam directores ou moços de recados, mesmo que não receba resposta. Desejei-lhe um bom dia sincero, na esperança que o meu sorriso meio trapalhão possa transmitir o respeito que de mim tem.
E a vocês, um bom dia!
Sujeito 1:
O meu carro precisa de ir à inspecção até dia 20 de maio. Ainda falta um mês, para a semana logo marco um check-up no mecânico e depois logo marco a inspecção. Ainda tenho tempo.
Sujeito 2:
O cartão de cidadão está quase a expirar. Vou passar lá na loja do cidadão.
Porra... só daqui a um mês no mínimo. Tenho de não me esquecer de marcar. Marco para a semana.
Sujeito 1:
Caraças. O carro precisa de uma peça que vai demorar a vir da fábrica. Logo o levo à inspecção em junho. Também um mês sem selo não há-de fazer mal. O carro até está bom, tirando a roda que está um bocado torta e a luz do airbag que não apaga mas também já anda assim há uns dias e ainda não aconteceu nada.
Sujeito 2:
F... Agora precisava de tratar do passaporte e tenho o CC caducado. Nunca mais consigo marcar a porcaria de uma hora para ir lá. Devia ter tratado disto mais cedo. Caramba, lá se vão as férias nas Caraíbas...
Estava eu a acordar, pego no bólide para me fazer ao dia, faço a rua até ao fim e paro no cruzamento à espera de uma brecha para me enfiar no trânsito.
Vem um tipo da esquerda a dar pisca para a direita (ou seja, para se meter na rua de onde eu venho) e não vem ninguém da direita. "Vou aproveitar e meter-me", pensei eu. No momento em que decido entrar na estrada, o tipo lembra-se que afinal não quer virar ali e segue a marcha. Travão a fundo para não começar o dia com um pára-choques amolgado.
E o tipo começa a esbracejar e até abranda para fazer gestos de homem das cavernas.
Primeiro: ele estava a dar pisca;
Segundo: travei antes de entrar na estrada;
Terceiro: ele estava a dar pisca...
Respirei fundo, subi o volume do rádio, esperei por outra vaga e fiz-me ao novo dia cheio de vontade de abraçar o trânsito lisboeta...
Ora bom dia!