Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Aqui, o Marquês filosofa sobre a vida e a existência de esquilos voadores. Às vezes, o Marquês está bêbedo e refere-se a si na terceira pessoa. Sintam-se em casa, mas não coloquem os pés no sofá.
Dou-me com alguns estrangeiros a residir em Portugal e até trabalho numa equipa luso-brasileira. Pelo que, é normal ouvir diferentes sotaques e diferentes expressões. Ah, e claro, sou algarvio e metade do que aprendi durante a infância faz-me acreditar que em Aljezur se fala um dialecto muito próprio…
De modos que, esta salganhada leva-me a dizer “colectiva” para falar de uma conferência de imprensa, “caraca” para mostrar que estou espantado… essas coisas. E, às vezes, geram-se aqui discussões ridículas em que a malta do outro lado do oceano insiste que nós falamos mal português.
Como é óbvio, não posso concordar. Seja pelo sotaque (os algarvios tendem a comer metade das letras e juntar uma frase numa palavra), seja por expressões muito típicas de determinada zona, ou pela falta de literacia ou cultura de muito boa gente, existem várias razões para que alguns portugueses falem mal português. Mas aqui num escritório onde 100% das pessoas têm um grau académico, é raríssimo que alguém dê um pontapé na gramática – excepto por brincadeira.
E fico “picado” quando me dizem que os portugueses falam mal português. Hoje foi o tema da hora de almoço e fez-me lembrar um professor que tive na universidade. Nos seus 50 anos, herr Professor era germânico mas estava casado com uma portuguesa e já morava cá há um bom par de anos. Quando cá chegou teve aulas de português e na altura já dava aulas de alemão. Um dia, herr Professor perdeu uma hora de aula a falar da gramática portuguesa. Segundo herr Professor, quem não sabia a gramática da sua língua-mãe não poderia compreender outra gramática. Achei aquilo uma parvoíce, quis sair da aula mas lá me encostei a um canto. Para minha surpresa, praticamente um terço dos alunos tinha o mesmo conhecimento da gramática portuguesa que eu tenho de croché (eu ajudo – é zero).
Pimbas, 1-0 para o alemão e mais um a pensar que os portugueses falam mal português…