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Aqui, o Marquês filosofa sobre a vida e a existência de esquilos voadores. Às vezes, o Marquês está bêbedo e refere-se a si na terceira pessoa. Sintam-se em casa, mas não coloquem os pés no sofá.
Às vezes dou por mim a pensar que nasci na época errada. O meu corpinho sexy e ar gingão tinham feito um enorme sucesso na década de 80, não tenho dúvidas. Ou a minha virilidade seria uma mais-valia para escorraçar os árabes do nosso território no século XII. Este novo milénio não me parece adequado.
Cresci já com acesso a internet e telemóveis e consolas de jogos que evoluiam à velocidade-luz. Quando comecei a ouvir música já os walkman eram coisas do passado, vinil já era objecto de colecção e grandes bandas como The Beatles, Queen (que agora renasceu com o Adam Lambert e vou vê-los no Rock in Rio-Lisboa 2016) ou Nirvana já tinham desaparecido. Não acompanhei o nascimento da TV mas vi a internet roubar protagonismo ao papel. Escapei à Guerra Fria e o muro de Berlim quando me viu nascer deitou-se ao chão só para me ver.
No entanto, vou ao café com amigos e perco algum tempo, se calhar largos minutos, a vê-los mexer nos zingarelhos electrónicos que trazem com eles. Estamos no cinema a ver os trailers dos filmes da sala ao lado e a sala está iluminada com o brilho dos smartphones. A correr as pessoas levam telemóveis pendurados no braço. Vamos a um restaurante e há o ritual de tirar fotos ao prato, de vários ângulos, depois a importância de escolher o filtro perfeito e tem de se publicar antes de provar. O que se torna bastante difícil quando a internet é uma porcaria e a foto nunca mais carrega e depois começamos a stressar porque a comida está a ficar fria e nós ali a olhar para o loading que nunca mais acaba. Aliás, acho que o futuro passa por comida essencialmente fria para não apressar o ritual da foto e partilha nas redes sociais.
E eu, qual ermita, com o telemóvel pousado em cima da mesa (só tiro do bolso porque fico mais confortável) a tentar conversar com as pessoas. E as vezes em que o prato chega à mesa e me lanço a comer sem sequer ligar o modo câmara, qual selvagem.
Definitivamente, tinha-me dado muito melhor em soirées com o João da Ega.
Ligaram-me do serviço net + tv cá de casa para juntar o telemóvel. Só vantagens. Ficava a pagar mais 20 paus e tinha muitos minutos para falar + 400mb de internet no telemóvel.
Educadamente, que um desempregado também pode ter maneiras ao falar com pessoas com trabalho, expliquei à senhora que pago cerca de 10 euros por mês, consigo falar com quem preciso e raramente gasto os 200mb do meu pacote (se calhar isto soa um bocado mal...).
Quem é que não gasta 200mb num mês??? OMG! WTF! Facebook, Instagram, e-mail... Tipo, 200mb é bué pouco!
Sim, tenho isso tudo e não gasto. Podem fazer um case study comigo. DECO, se me estás a ouvir, vamos deitar abaixo esses consumistas! É possível sobreviver um mês com 200mb de net no smartphone!
E a senhora lá atirou com uma alternativa: por mais 5 paus, ficava com 1gb de net!
O meu cérebro deu um nó...