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Aqui, o Marquês filosofa sobre a vida e a existência de esquilos voadores. Às vezes, o Marquês está bêbedo e refere-se a si na terceira pessoa. Sintam-se em casa, mas não coloquem os pés no sofá.
Hoje é dia de clássico.
Num clássico não há favoritos, não há equipas num mau momento, não há jogadores em má forma. Num clássico há onze privilegiados contra onze privilegiados. Não está ao alcance de qualquer um, jogar um clássico tem de ser encarado como um dos momentos altos da carreira de qualquer jogador, de qualquer treinador, de qualquer dirigente.
Um adepto sente isso. Não é apenas mais um jogo, é um clássico. Num clássico não há pequenas lesões ou cabeças a olhar o chão. Num clássico jogam aqueles que conseguem sentir o peso da camisola e que estão dispostos a correr até à exaustão.
Nunca joguei um clássico. Mas vivo os clássicos. Mesmo que por vezes tente fingir que não estou com muita atenção, mesmo que não consiga por alguma razão ver o jogo, estarei a viver o clássico por dentro. Afinal de contas, a paixão pelo clube é algo que não se explica, sente-se.
Um clássico é especial.
Não quero saber de jornais, de comentadores, de opinadores, de redes sociais. O clássico começou ao pequeno-almoço, ao escolher a camisa vermelha para vir trabalhar, ao beber o café da manhã, e continua mais logo quando o Gaitán, o nosso capitão, entrar no Estádio da Luz a liderar uma equipa de 18 homens com vontade jogar um clássico, quando se sentarem no balneário e cumprirem o ritual de ajeitar as caneleiras, apertar as chuteiras, vestir o manto sagrado, entrar no túnel, pisar o relvado e sentir a força de 60 mil que se agitam nas bancadas e vibram com cada toque na bola.
Hoje não ligo a faltas não assinaladas, penáltis por marcar, puxões ou empurrões. Um clássico são os cortes do Jardel, os carrinhos do Samaris, os dribles de cabeça levantada do menino Renato, são as defesas do imperador e as suas palavras de motivação, são os toques de magia do camisola 10, são as desmarcações silenciosas do Pistolas, são os golos e as jogadas que levantam um estádio, que levantam uma plateia de milhões de espectadores.
Há quem diga que o “jogo” de hoje não decide nada e ainda há muito campeonato. Não podiam estar mais errados.
Todos os clássicos importam.
O bis do Nuno Gomes ao Baía, o livre do meio da rua do Laurent Robert, a astúcia de El Conejo Saviola, o tiro de raiva do Carlos Martins, o bis do Lima quando já diziam que estava acabado, o tiro do Rodrigo Eusébio e a cabeçada do Garay Eusébio. O ruidoso balançar das redes.
Hoje é dia de clássico.
HELTON!!!
Não havia outra forma de começar... HELTON!
Um dos melhores guarda-redes brasileiros dos últimos anos, um dos melhores guarda-redes que jogou em Portugal. Ontem, aos 36 anos, depois de uma lesão que o deixou afastado dos relvados mais de nove meses, a realizar apenas o seu segundo jogo, foi enorme. A sua equipa reduzida a nove elementos, a sofrer um massacre e a precisar de um milagre. O milagre veio através das mãos do capitão. E ser capitão é isto mesmo, quando a equipa mais precisa, é o capitão que deve dar o primeiro passo, mostrar o caminho. E Helton fez isso. Cerrou os dentes e foi à luta. Quando os seus colegas falharam, ele não falhou. Não baixou os braços quando viu dois colegas serem expulsos. Efectuou uma dezena de defesas e evitou um resultado histórico. Os jogadores do Braga bem tentaram, de perto, de longe, remates colocados e fortes, mas Helton estava lá. No final do jogo, saiu de cara tapada, tentando esconder as lágrimas. De alegria. "Estou feliz por ter ajudado a equipa e porque me senti vivo". Uma grande exibição de um grande guarda-redes. Os adeptos foram incansáveis no apoio à equipa e não pouparam nas palmas com que brindaram o seu capitão. Helton é a imagem do Porto neste plantel. Não só pelos títulos que já conquistou de Dragão ao peito mas porque ele sente o emblema como mais ninguém no grupo, ele sabe que os adeptos são o mais importante e sabe que eles são exigentes mas também são justos. E ontem todos os elogios foram justos!
Na Taça do Benfica, o clube "estrangeiro" voltou a vencer. Jonas voltou a marcar, 13 golos em 16 jogos e já ninguém se lembra que Lima soma apenas 6 golos e Derley leva 2. O Gonçalo Guedes teve direito a 17 minutos. Só consigo pensar que no final da época vai "emprestado" para outro campeonato e eventualmente irão chegar 15 milhões aos cofres da Luz.
No dérbi lisboeta, a relembrar outras tardes e noites de Taça, o Belenenses derrotou o Sporting, a última vitória dos Azuis do Restelo datava de 2008... O primeiro golo do Belém é irregular. Mas a defesa do Sporting não foi a jogo e não se pode assinalar uma falta sobre um jogador que não está em campo. Dupla de centrais muito fraquinha. Aceita-se a vitória pelo que o "grande" em campo não jogou.
No outro grupo, o Sporting da Covilhã, da Segunda Liga, venceu o Estoril de José Couceiro e esteve perto de passar à próxima fase. O desmancha-prazeres foi o Marítimo, que venceu o Gil Vicente e fez mais um ponto que os serranos. A equipa de Francisco Chaló esteve bem. Podia ter sido a primeira equipa da Segunda Liga a marcar presença das meias-finais.
O João Sousa entra em campo esta madrugada. Continuo a acreditar que é possível vencer. Até porque o Murray não está na sua melhor forma. São três sets que separam o João de mais uma marca história para o ténis português.