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Aqui, o Marquês filosofa sobre a vida e a existência de esquilos voadores. Às vezes, o Marquês está bêbedo e refere-se a si na terceira pessoa. Sintam-se em casa, mas não coloquem os pés no sofá.
Há muito tempo atrás, era o Marquês um jovem adolescente já de barba feita – malditas hormonas! – quando se aventurou nas primeiras noitadas. Dias e dias de bom comportamento em casa para conseguir aquela maravilhosa autorização de sair à noite no sábado. Nem todos os sábados, para não abusar da sorte e porque ao domingo por vezes havia prova de atletismo e tinha de descansar.
Na terrinha onde o Marquês se fez homem, junto à zona dos bares, parava uma banca de cachorros quentes – na altura não havia hot dogs e de gourmet pouco tinha, talvez por isso tenha fechado. Não soube adaptar-se à modernice. Ou então pela “má fama” dos ditos cachorros.
Pois, os cachorros eram maravilhosos! Tínhamos várias opções de acompanhamentos, da tradicional batata palha ao famosíssimo “com tudo”. Já nem me lembro o que era “tudo” mas era muita coisa. E era fantástico!
A malta ia beber uns copos e depois passava no cachorro. Ficava aberta até tarde, umas 4 da manhã talvez. Uma banca pequenina, chegava a ter filas de largos minutos mas era sagrado. Contávamos os trocos a noite toda para sobrar os 2 ou 3 euros do cachorro.
Ao domingo, lá ficávamos nós a rebolar na cama em estado meio dormente. Muitas mães lá na terrinha tentavam acordar os seus queridos filhos que abriam a pestana com um ar horrível, ainda meio enevoados da noite e com a cabeça e o estômago às voltas.
- Estás com um ar, filho. Andaste nos copos…
- Não, mãe. Ao vir para casa comi um cachorro e deve-me ter caído mal.
E assim vivia a lenda do “cachorro”. Fechou um dia, ou noite. Talvez por culpa do nome pouco gourmet, ou da má fama. Fechou o cachorro mas continuaram os domingos de cabeça e estômago às voltas. Por respeito ao cachorro, certamente. Que era fantástico!