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Desabafos encarnados

por Marquês, em 15.05.13

Escrevo este texto a poucas horas da final da Liga Europa, final de uma competição internacional, primeira final europeia onde eu posso ver o emblema do meu Benfica. Em quase 24 anos de existência neste mundo, este devia ser um dos dias mais espectaculares da minha vida (não digo felizes porque tenho namorada e para elas dias felizes são o casamento, o nascimento do primeiro filho...). Devia estar em pulgas, fechar os olhos e imaginar o capitão Luisão a erguer o tão desejado troféu, gritar bem alto Benfica de dez em dez minutos até o patrão se fartar e me mandar embora para ir ver a bola. Querer estar em Amesterdão, querer estar no Marquês de Pombal, querer ir receber os campeões europeus ao aeroporto às tantas da madrugada.

Mas não, não é assim que me sinto. Nas últimas duas semanas oiço a palavra Benfica umas dez vezes por minuto, as redes sociais inundam-se de mensagens e vídeos de motivação à conquista da tripla, na televisão todos falam e debatem e imaginam mil cenários para este final de época. Muitos me perguntam, por ser benfiquista e por adorar desporto, qual a minha opinião, o que penso. E a verdade é que me custa pensar nisso e não quero dizer o que penso. Já falta menos de um mês, depois voltará a crise, os jornalistas irão para o Algarve ouvir as queixas dos comerciantes, "este ano está muito mau, os turistas não gastam dinheiro", inevitavelmente irão chegar os incêndios e o povo irá voltar a mandar as suas piadolas nas redes sociais com fotografias na praia "a curtir o sol enquanto não se paga imposto", sempre seguido de um bonito "lol". Menos de um mês para o final daquela que podia ser uma temporada de luxo! Menos de um mês para conquistar aquilo que Mourinho e Villas-Boas tiveram a ousadia de conquistar nas minhas barbas! Um mês que custa a passar. O dia de ontem teve umas 36 horas, o de hoje deve ter 12, para equilibrar.

Sempre disse que íamos decidir a época no Funchal. E não me enganei. Faltavam poucos jogos, uma almofada de quatro pontos, dois jogos em casa, parecia estar tudo decidido com aquela vitória. E no campo, ganhámos. O jogo com o Estoril não é difícil digerir. Foram mais organizados, correram mais, esforçaram-se mais, lutaram mais, até podiam ter levado os três pontos. O Benfica entrou no Estádio do Dragão líder e mais perto de ser campeão. Perdemos no Funchal, quando o árbitro apitou, tal como voltamos a perder na Luz, quando o jogo com o Estoril terminou, e perdemos no Dragão, antes mesmo de entrarmos em campo. Este campeonato, que ainda não está decidido, pode ter sido perdido em fora de jogo técnico, no balneário. Tive raiva do Benfica quando festejaram no Funchal e tive ainda mais raiva quando choraram depois do jogo com o Estoril. Como benfiquista, sempre quis acreditar. Ir ao Dragão é um "ai Jesus". Há anos que entrar no Dragão é sinónimo de três pontos perdidos para o maior rival. É psicológico, resolve-se no balneário, foi esse medo, essa falta de confiança, que nos pode ter custado um campeonato e que me dá raiva. Queria estar alegre e confiante, mas não consigo.

Hoje sei que vamos jogar bem. Os jogadores querem dar tudo. Alguns sabem que uma boa exibição hoje os coloca num "grande" do futebol europeu no próximo ano. O Gaitán vai partir tudo, o Garay vai limpar os ataques todos, o Artur vai defender os remates todos, o Matic vai estar em todo o lado, o Salvio vai gastar o ar dos seus quatro pulmões, o Enzo vai comer a relva, o Luisão vai comandar a nau encarnada, o André vai mostrar acerto, o Melgarejo vai lutar enquanto tiver forças, o Cardozo vai marcar, o Ola John vai sair sem ter feito nada. Esta é uma final para os génios se soltarem e os campeões decidirem! Se cairmos, vamos cair à boa moda portuguesa, "cair de cabeça erguida", "cair de pé", "cair com honra", "cair...". O tempo passa depressa, a final está quase aí. Vou passar em casa e pegar no cachecol, agarrado àquela réstia de esperança que me faz acreditar que somos capazes de ganhar esta final. Na minha cabeça acredito que vamos ganhar, mas o meu corpo não vai estar no balneário.

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Tau-tau nos alemães!

por Marquês, em 21.02.13
Convido aqui o primeiro-ministro, o ministro dos negócios lá de fora e o ministro das moedas a passarem pelo Estádio da Luz esta noite. Não contem comigo para vos arranjar bilhetes, e que nem vos passe pela cabeça enviarem a factura lá para casa, faz de conta que já faz parte do valor absurdo que retiram do meu ordenado todos os meses!

Convido-vos porque ouvi dizer que andam com uns problemas como uma alemã qualquer, assim para o gorda e feia. Nada tenho contra alemães, muito pelo contrário. Já aprendi a língua, já convivi com vários, já bebi copos pagos por alemães. Costumo dar-me bem com eles. São um povo à sua maneira, de expressão mais carregada, mas gente séria, não haja dúvidas disso. Podíamos aprender isso com eles, a ser sérios e responsáveis e organizados...

Mas convido-vos porque estou confiante que esta noite os alemães vão meter o rabo entre as pernas e vão afogar as mágoas nas canecas que se vendem no Bairro Alto. Aliás, o Bairro Alto bem que podia patrocinar o Benfica nas competições europeias pois os adeptos adversários costumam ir afogar as mágoas (ou, muito esporadicamente, celebrar) para esse santuário da noite. E nesse santuário até podem ganhar, porque os germânicos sabem o que é beber uma boa cerveja sem tombar, mas na Catedral, vão cair e com estrondo. Basta o sacerdote Jesus não inventar um novo Pai Nosso (leia-se "onze com várias mexidas estranhas"), até porque isso ia colocar muita gente a pedir ajuda divina, e nós ganhamos isto com tranquilidade. Estádio cheio, seis dezenas de milhares de benfiquistas a gritar bem alto "BENFICA"! A senhora gorda e feia não sei mas estes vão tremer quando o hino do Benfica ecoar no Estádio da Luz!

Hoje, por Portugal, pelo Benfica, contra os alemães!



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Fevereiro

por Marquês, em 20.02.13
Amigos meus, meus amigos, peço-vos desculpa pela minha ausência não anunciada. Estive de férias. É verdade, aqueles dias pelos quais os trabalhadores comuns deste mundo anseiam sucederam nestes dias e não quis perder os meus preciosos minutos de descanso em frente a um computador. Isso e preguiça, maldita!

Espero que a vida vos esteja a correr bem. 2012 já nem lembra ao diabo e melhores dias virão. Já vamos em Fevereiro, o mês pelo qual os homens tanto choram, pelo bom e pelo mau. Este mês malandreco significa a chegada da fase a eliminar da Liga dos Campeões e da Liga Europa, o futebol espectáculo, a emoção da bola, os lances polémicos e os adeus inesperados. Mas marca também o dia de S. Valentim, pelo qual as raparigas se pelam, sempre à espera de surpresas. É verdade, nós homens sofremos uma pressão imensa nesta altura e tudo o que idealizamos é um esforço em vão. Nada corre como planeado, elas ficam desiludidas e, em certos casos, lembram-se de ficar tristes em noite de Liga dos Campeões! Não me sucedeu isso mas sei que acontece. Estou convosco amigos, temos de ser fortes nestas alturas!

Nestes dias para o relaxamento consegui ver a bola, fui raptado por extra-terrestres verde-alface, comi pela primeira vez uma francesinha, andei de teleférico, explorei os confins mais profundos da Terra, aventurei-me à descoberta do caminho marítimo (é justo dizer caminho marítimo quando só atravessei um rio?) para o outra margem, ganhei o euromilhões, gastei tudo em meninas, aguardente velha e apostas em cavalos, fui a Vegas, casei com uma stripper, divorciei-me, voltei a casar com a mesma stripper, voltei a divorciar-me, tentei roubar um tigre a um famoso, roubei um caniche a uma velhota, estive preso, não fui sodomizado à bruta, fugi num cesto da lavandaria, voltei a casar com a mesma stripper e apanhei boleia de um golfinho até ao estuário do Sado. Ou então estive só a preguiçar no sofá a ver comédias românticas e a engordar à base de batatas fritas de pacote e Ice Teas de marca branca...





Bom resto de Fevereiro e que venham daí os textos à sombra de uma fatia de pão e um copo de vinho. Já passou essa data manhosa, a inspiração irá voltar aos poucos e as minhas palavras sem sentido irão fluir neste espaço novamente.

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