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Aqui, o Marquês filosofa sobre a vida e a existência de esquilos voadores. Às vezes, o Marquês está bêbedo e refere-se a si na terceira pessoa. Sintam-se em casa, mas não coloquem os pés no sofá.
Tenho 28 anos e tenho medo de agulhas. E de aranhas, mas isso agora não interessa. E não, não estou a falar de vacinas - nisso sempre fui bastante corajoso -, estou a falar de agulhas a sério. Género tirar sangue. Não consigo. Tenho pavor. Talvez um dia evolua nesse sentido pois mesmo percebendo a importância de doar sangue para salvar outras vidas, até hoje nunca fui capaz de aceitar a agulha.
E não gosto de hospitais. O simples cheiro a hospital deixa-me enjoado. A imagem que tenho de um hospital é uma sala de espera onde um grupo de pessoas com ar cabisbaixo se junta. Umas com sangue a escorrer de uma ferida exposta, outras com elevados graus de febre, outras a tossir compulsivamente, outras simplesmente com um aspecto pálido. Chamem-me picuinhas mas hospitais não é a minha praia.
Depois também há o facto de o pessoal da triagem nunca me levar a sério. Uma vez, das poucas que fui às urgências, entrei na sala de triagem a tossir compulsivamente, pálido como uma parede (daquelas brancas e limpas), com fortes dores na zona dos brônquios e na garganta - para além das dores abdominais de quase duas semanas a tossir os pulmões para fora. Estávamos em Agosto. Veredicto: pulseira verde. Estimativa de uma tarde na sala de espera. Psicologicamente senti que estava óptimo para ir para casa, zero dores, zero tosse. Na verdade, deixei meio pulmão na sala de espera em apenas 15 minutos. Um dia e meio depois, quando fui atendido, a médica ligou-me a uma máquina de aerossóis e receitou-me uns comprimidos quaisquer: tinha uma broncopneumonia. Pulseira verde!!!
Na televisão avolumam-se as séries de médicos e hospitais. Tudo bem, nada contra, até se aprende umas coisas (quem não descobriu que existia uma doença chamada lúpus à pala do Dr. House que atire a primeira pedra!).
Contudo, há fenómenos que me preocupam. Como devem calcular, é raro ir ao médico (estive quase duas semanas a tossir os pulmões até ir ao médico), de modo que não percebo muito bem o funcionamento do sistema. E, ao ver séries, fico com muitas dúvidas. Estive ontem a ver um episódio de uma série conceituada sobre a vida num hospital e fiquei preocupado. Estiveram 15 minutos de volta de um transplante de um órgão - parecia o Leonardo Dicaprio a abrir o cavalo para ganhar o Oscar. Até aqui tudo bem mas... e há sempre um mas, estiveram 14 minutos a provocar-se e a comentar assuntos do episódio anterior. Atiravam o bisturi para dentro do cavalo, perdão, ser humano a ser operado, sem sequer olhar!
Vocês não sei, fiquei com receio de alguma vez precisar de ser operado.
Leitores com conhecimentos mais profundos de medicina avançada, o bloco operatório é uma sala de bate-papo?
Tive uma ideia excelente, criativa, inovadora, super fora do comum, absurdamente brilhante, para o guião de uma série televisiva.
Ação, humor, romance, drama! A ação foca num grupo que são os bons e que vão bater e apanhar uns gajos maus.
O elenco é uma espécie de trio: um tipo jeitoso e inteligente que sabe dar assim umas pauladas nos maus mas prefere ter soluções mais inteligentes; um parceiro assim para o bruto que gosta de andar à porrada e afinfar nos gajos maus – principalmente se forem de minorias; e uma gaja boa! Ainda estou a trabalhar um pouco no perfil da gaja boa. O importante mesmo é que seja boa. Se calhar depois fazemos uns episódios em que vão apanhar os maus numa piscina para ela ir de biquíni e depois até pode sair da piscina toda molhadinha e sacode o cabelo de forma sensual. Acabei de inventar isto mas acho que vai resultar, uma cena nova.
Depois vamos precisar de um informático. Totó, obviamente, caixa de óculos. A gaja boa vai-se enrolar com ele por um misto de “eu sou boa e nunca gostei de totós mas tu és diferente” com “os nerds sempre se babaram a olhar para as cheerleaders e agora este totó vai dar esperança a esses caixas-de-óculos cheios de borbulhas na cara que ficam virgens até à universidade” e depois acabam. A gaja boa vai ficar com o gajo jeitoso, obviamente.
Nunca vi disto na tv! Já me estou a imaginar a deitar numa cama de ouro. Não importa que seja dura, é ouro! Vou ser o Spielberg das séries!
Está um tempinho daqueles que não apetece fazer nada, né?
Estavamos todos bem em casa, a meter em dia aquelas séries todas que se vão acumulando.
A minha namorada é daquelas raparigas que tem aplicações para saber quando sai cada novo episódio das séries que ela vê!
Se acumular dois episódios por ver começa a ter tremelicos, ao terceiro episódio entra em colapso e se algum dia chegar a quatro episódios acho que pode desmaiar.
Como bom namorado (e porque sou ingénuo), vejo algumas séries com ela e (como sou uma pessoa normal) às vezes não me apetece ver esta ou aquela série. Um dia, disse-me para vermos uma série qualquer mas não estava com apetite de ver aquela e disse que não me apetecia. Fiquei a meio segundo da separação! O sangue dela começou a ferver, a cara a ficar vermelha, o canto da boca a tremer cada vez mais, os olhos a piscar que nem os quatro piscas de um Ford Fiesta.
- Já temos algum episódio em atraso? - perguntei eu, estupidamente... Voaram almofadas, os vizinhos de cima ficaram a conhecer novos perjúrios, o computador ficou a centímetros da sucata.
Calmamente deitei-me e disse que nada me faria mais feliz que ver aquele episódio. (Outra parvoíce minha, levei com os três episódios em atraso!)
Pois, repentinamente perdi a vontade de ir para casa ver séries. Que venha daí essa terça-feira cheia de trabalho!